Pular para o conteúdo principal

O que fazer quando um atentado terrorista não estragou suas férias

[Estado de espírito: cheio]


[O caminho para o fim da sua dignidade: cuecas com tema Rússia!]


Cheio, apesar da dor nas costas e da música do site do Placebo que acaba de me deixar surda. Sério, ó Mundo, não-ponha-música-nos-seus-sites! Acontece que as pessoas podem estar ouvindo qualquer outra coisa e isso irrita muito, mais que dor nas costas (que é crônica). E os motivos para eu estar no site do Placebo? Hm, hm! Diz aquela que irá para um festival com Placebo, Blink, Queens of the Stone Age na Alemanha em Agosto, morrendo apartir desse minuto até lá! E como se não bastasse Josh Homme em sua ruividade, acrescenta-se Mark Hoppus e Travis Barker e para não dizer que não valeu a pena, Brian Molko, o hétero mais gay de todos os tempos (não me levem a mal, adoro Placebo, respeito o Molko, mas ele usa mais maquiagem em um dia que eu usei na vida toda!).

Bem, eu deveria começar com desculpas sobre a minha ausência, mas não vou, depois falo disso. Estava eu hoje sentada ali na aula de literatura, quando me dou conta de que... Estou lendo Sidarta e que estou marcando um livro com um flyer de cosméticos. Nesse momento minha professora olhou pra mim, quando eu me desatei a rir sozinha (esse momento deu-se mais autista do que eu consigo descrever), e meio que riu de canto de boca, porque ela não pensa ruim de mim, pelo contrário, eu ouvi um dos elogios que eu nunca esperei ouvir na vida, primeiro, porque eu não sei aceitar elogios.

A dona Galina Arkadyevna, da qual eu sempre falo e a qual deixou sem dúvidas uma impressão na minha vida comparável a minha professora dos EUA Miss Rudek, e minha professora de russo Magdalena e seu sobrenome polonês complicado, e minha professora de redação Aurilene e Ana Pimentel, que em algum momento acreditaram em mim.

Galina Arkedyevna disse que "nunca", ela começou, "nunca, tendo conhecido tantos estrangeiros, nunca vi ninguém se interessar tanto por uma cultura que não é sua, que nunca vi alguém tentar tão silno (não acho a palavra em português)". E eu lembro que há 8 meses atrás eu me atrevi a ler Turgenev com um vocabulário de russo insatisfatório até para quem quer comprar hamburger no Mcdonalds ou pedir uma água mineral - não, tudo bem, admito que não era tão ruim assim, mas Turgenev era Turgenev. Ainda o é, só que decifrável, inteligível, compreensível, brilhante, surreal.

E eu fico pensando que as pessoas passam na nossa vida e "nado umeet vzyatsya" [é preciso saber escolher] quem deixa as impressões, roubando as palavras de Tolstoi. Por muitas vezes eu sempre pensei que literatura era a ponte mais fácil para entender um povo, ora, quem lê Machado de Assis logo entende a alma carioca, e Rio de Janeiro, apesar dos meus longos monologos e motivos para não gostar da Cidade Maravilhosa, eu não posso negar que ela é parte do Brasil - é que as vezes acho injusto ao olhar pra Salvador e ver essa cidade TÃO brasileira, enquanto o Rio leva todo o crédito, e além de umas experiência quase-morte por lá (envolvendo tiros, traficantes, polícia, um taxi, balas cruzadas e eu dentro do taxi, "nossa, são fogos?").



[Curtindo um trem, conhecendo protestantes e velhas que criam pássaros e exportam plantas, sempre digo que trem na Rússia não é só trem, é uma experiência]

Então eu acho que tenho vivido o nirvana - e não é pra me gabar. Em Moscou eu achava, semana passada, agora eu tenho certeza. E não é so por toda essa coisa de estar lendo Sidarta, é porque tudo parece estar - dando certo - e é bonito de se ver. Abrindo minha agenda encontra-se algo que eu escrevi há uns dias atrás:

"Felicidade é um sentimento tardio que requer o contraste para existir, ao que a tristeza ajuda a existência da felicidade"

Não sei da onde, mas esse tipo de coisa sempre cai feito raio na minha cabeça. E eu tenho razão. (na maior parte da minha vida acho que não tive medo de parecer metida porque o resto do mundo tinha, então, me julguem)

Moscou, meus caros, MOSCOU... [suspiro longo, interminável]. MOSCOU...

É uma experiência pessoal - como são todas as experiências - mas é essa a cidade, meus caros. Eu, bivshaya [que estive] em Paris, chegando na Torre Eiffel, esperando e esperando aquele sentimento transcendental vir, daquele sentimento que falavam que só Paris transmitia. Então eu insisti mais. Subimos a Torre Eiffel, eu, lá em cima, conheci um brasileira que trabalhava no elevador, e cheguei. E nada, seguramente, nada.


[Praguejando na Praça Vermelha]


E agora eu, subindo as escadas do metrô com saída para a Praça Vermelha, e digo sem prepotência que a alma se enche, que cada pedra parece posta no lugar certo demais criando a energia necessária demais. Eu tenho esse problema com energia. Só esse ano, tive que mudar de academia duas vezes porque o caminho tinha "uma energia ruim", e eu constato isso sem nenhum parâmetro, mas "you know when you know". Eu tentava sempre ir por um caminho diferente, mas não deu, tive que trocar, agora estou na terceira, a energia parece agradável até agora.

Menos de mim, mais de Moscou. E ainda andar por aquela cidade enche mais a alma que parece pote de pepino posto na água morna pra abrir quando de repente a tampa PULA. Eu nunca declarei que haveria alguma decência nas minhas metáforas. Entre conhecer pessoas aleatórias na rua que sabem dizer 'obrigado' e 'brasileira', é lindo de se ver. E foi numa noite no hotel assistindo Jean Charles, uma noite antes do atentado... Eu sentava ali na vokzal [estação] e pensava mais ou menos o que se segue:

Progresso. Com os dedos cheios de açúcar de algo entre caipirinhas e itailanos bêbados, foi a palavra que achei ao segurar a bandeira brasileira no quarto do hotel. Progresso, quando Deus tentou se aproximar de mim no trem, ora em forma de um grupo de protestantes, ora em forma de uma senhora velha que cria pássaros e exporta plantas. Progresso, com um som melancólico ganhava a realidade em forma de um trem que agora ia de Moscou a São Petersburgo, e eu sentada ali na estação, do lado de uma estátua do Lenin, dessa vez mais intimista (mas não mais competente), apenas a cabeça, nada de busto, como se Lenin não tivesse chutado cadeiras e usado suas pernas e dado murros e usado seus braços, como se aqueles outros membros não fossem importantes, como se só a cabeça tivesse trabalhado. Progresso, ali, com a Stefani gemendo de dores de gastrite e uma pequena multidão murmurando em italiano a sua volta, e eu me perguntando se atentados terroristas, um dia antes, até menos de 24 horas, ali, significava tanto progresso quanto Lenin e seus trens. Progresso, era eu andando por uma centena de xrams [catedrais] russos e perguntando se algum dia eles iriam superar todo esse sentimento de estar para o ortodoxismo assim como Itália está para o catolicismo, e se seria por acaso fora ofensivo trazer aquele bando de italianos e aquelas brasileiras católicas e aqueles alemães luteranos e aqueles tailandeses budistas para ver tais cúpulas. Muitas vezes o progresso faz muito pouco sentido, mas pode ter muitos significados em horas completamente aleatórias, por isso junto todos estes na tentativa de explanar sobre a semana mais sem eiras e beiras de toda uma vida de quase dezessete anos...

Fim.

Esse é o primeiro parágrafo de um conto que eu venho me pondo a escrever.

No dia seguinte ao atentado, passando pela mesma estaçao, a Lubyanka, a qual fora explodida, flores por todos os lados, tudo meio fora do lugar, mas os trens do metrô sempre pontuais, prontos para a próxima. Tudo parecia fora do lugar mas os trilhos e os trens seguiam a labuta como se fossem muito indiferentes às mazelas humanas, e já que o são, pois bem. Em nenhum momento achei que ia morrer, não, bred, vzdor [besteira]. Mas saber que existiu a possibilidade é atormentador, a vida ali andando numa corda bamba, apenas que eu tenho joanete e as minhas chances seriam mais para cair que continuar corda-bambando. Porque por pouco eu não estava naquele metrô no dia anterior, e é meio aterrorizante estar no dia seguinte, e a mesma voz falando mecanicamente "ostorozhno, dver zakrivauitsya" [cuidado, as portas estão se fechando] tão mecanicamente, tão rotineiramente. A questão é sempre voltada para o egoísmo: mas é lógico que a cidade não ia parar. Porque assim como as portas, as pessoas estavam sendo tão mecanicamente como foram ontem, ignorando uns assentos vazios em hora de pico. Eu não sou fã de conflitos, e eu sempre entro nesse discursso besta-Suiça de como o Brasil é neutro e de como eu não entendo as guerras e os seus motivos e todo o mercado bélico. Na verdade entendo, mas não compreendo, não faço questão de concordar, nem de abaixar a cabeça como que num gesto de consentimento. Eu não entendo as pessoas que explodem-se e também não corro atrás da explicação, mas estando expatriada há um tempo já agora eu os digo: Senso comum não é tão comum assim. Não sei nem porque chamam assim. Hoje mesmo uma babushka zangou-se comigo no ônibus porque eu estava procurando minha carteira na bolsa e ela queria passar e ela foi violentamente gratuita como são as babushkas e eu disse "morre no inferno, velha infeliz", nisso uma garota da minha escola estava perto e sabendo da minha identidade secreta brasileira que ninguém mais naquele ônibus sabia, meio que deu umas risadinhas assim, e eu me senti tremendamente excepcional depois de mandar pela primeira vez, uma babushka pro inferno. Meu deus, devia ter feito isso se soubesse que era tão terapéutico. Ou como o cachorro idiota que me seguia e latia atrás de mim, bastou que eu virasse para o coitado e falasse "olha, filho da puta, te mando pra china e tu vira churrasco", não sei se foi o tom ou o olhar (porque essas mazelas do acaso realmente me irritam), mas o cachorro foi embora.

Pois entre atentados, babushkas e cachorros estúpidos, tem gente que sobrevive.

Eu tinha mais 30 minutos em Moscou, passeando pela Arbat depois de uma tentativa frustrada de ir ver o Van Gogh... Chegamos eu e Sophia no museu só para ouvir que "on uexal v evropu" [ele foi para a Europa], e eu vi meu castelinho de areia sendo levado por uma onda de maré estúpida, trazendo um monte de estrelas-do-mar consigo, os seres mais burros e inúteis desse planeta. Aposto que se tirarmos essas coisas da cadeia alimentar não haverão protestos. Pois tão inutil quanto estrela do mar foi o meu encontro com Van Gogh, frustrante. Mas sinceramente, nada iria me abalar naquele dia. Eu e Sophia haviamos pedidos barcos de sushi, ido na Starbucks, num pub irlandês, com ou sem Van Gogh, o dia foi sensacional o suficiente. Pois foi nesse mesmo dia, quando eu tinha que pegar o trem em uma hora que vi um Tattoo Shop na Arbat, uma rua em Moscou, e entrei.

Habitava no Tattoo Shop uma dessas gurias que parecem com a Kate von Dee (ou como se escreva seu nome, minha querida). Eu disse para ela que tinha 15 minutos para fazer um piercing e ela disse que só precisava de dois. Sentei no sofazinho por 15 segundos, tempo o suficiente para um russo-aleatório que comia sushi perguntasse se eu e a Sophia éramos italianas. Não. Ele deu um sorriso errado e pegou o próximo sushi, a Kat von Dee nos chamou.

MERDA! Eu tinha esquecido como doia furar o nariz. Fora a terceira vez que eu fizera o mesmo furo, chega a ser um número ridículo. Primeira vez não lembro porque tirei, devia estar inflamado mas eu tinha uns doze anos então não importa, a segunda vez que eu tirei foi ano passado na cirurgia para tirar as amigdalas e enquanto eu virava vegetal naquela cama de hospital curtindo os subprodutos de uma anestesia o furo fechou e eu fiquei com essa idéia de que lógico que eu vou fazer de novo, daqui a pouco... E daqui a pouco não veio, até que na Arbat tudo se decidiu em 15 minutos. "Jivaya?" [viva?], perguntou Kate von Dee, e com o catéter no nariz balancei a cabeça pronunciando um "da" [sim] tão covarde como a minha coragem naquele momento. Acho que a gente é mais porra louca quando tem uns onze ou doze anos, essas dores de piercings não são mais pra mim. E em dois minutos, como a Kate von Dee prometeu, sai com o meu piercing, ela fez ainda o da Sophia na boca, e como que sendo a prosopopéia da cereja num dia perfeito, põe-se a cereja-piercing no bolo. Não faltou nada. E apesar do terrorismo, Moscou é a cidade, meus caros, e tenho dito, palavra.

Cansei de falar minhas inconcreticidades, vou estudar e ler Dodô (para os íntimos atende Dostoiévski), feliz por ter achado minha "Bucket list", diz-se, coisas que devo fazer antes de morrer e lá no meio achei "ler dostoiévski em russo", pus um x-zinho do lado como quem marca o território que ganhou. Aliás, hoje tive que escutar um discurso xenofóbico estúpido de russos sobre franceses numa aula de história.

Tudo bem, Napoleão foi vencido pelo cansaço, pelo frio, pela fome, mas chega dessa coisa de achar que o resto da França pensa, age, e bota a mãozinha na barriga igual ao Napoleão. Eu me encontro muito com essas situações aqui que "nós não somos racistas, sõ não gostamos de gente negra". E há uns dois dias atrás estava eu sentada no intervalo quando um garoto senta do meu lado e me pergunta como foram as férias, segue-se:

- Viajei pra Moscou - respondo
- Eu prefiro Piter (São Petersburgo) - absolutamente todos os russos dizem isso quando se menciona Moscou, o garoto não era excessão. Na verdade, num país recem-saído do socialismo todo mundo parece muito igual mesmo se você espremer os olhos para procurar as diferenças. Kirov tem uma população 97% russa. Os outros três por cento provavelmente somos eu, Tanya, Todd, Ilaria, e os sete americanos, nossa "little colony", como chamamos.
- Ah, eu estou indo pra lá só em Maio, não posso julgar...
Então o garoto, que vamos chamar de Estúpido, engatou num discurso sem que realmente ele me perguntasse eu me elegera como público.
- Prefiro Piter porque em Moscou tem muitos imigrantes - continuou, falando para a estrangeira - lá tem muitos asiáticos - Estúpido botou o dedo nos olhos puxando-os para o lado - eles estão em TODA esquina! Em Piter nunca vi isso.
- Estúpido - interrompo-o - mais da metade da Rússia encontra-se na Ásia, e por acaso, o país é mais asiático do que você pensa, chega de achar que isso aqui é Europa.

Então eu recolho minha bolsa, meus livros, minha paciência, e deixo Estúpido falando só.

E a minha ausência deu-se por inúmeros fatores que começam em Crime e Castigo, passam por Sidarta, exames de russo e história da Rússia, e parecem acabar em algum lugar em ler contos russos que são a perfeita cópia de contos da Disney, só que enrussados.


[Dostoiévski na aula de literatura, olhar que te perfura e te analisa, meio que sombrio demais]


Estranho saber que eu vou pro Brasil em Julho e apesar de estar morrendo de saudades de todos, vai ser estranho ter que voltar pra cá, porque nesse ponto da vida parece que eu me acostumei à falta, e ver todos de novo vai ser peso 2. Saber que a vida é impossível sem a Dolly, minha avó, meus pais, Kensou, Ana Luísa... Mas depois descobrir que é mais ou menos maneável e então começar todo o processo de novo... "Ninguém disse que ia ser fácil", falou o Rusan na academia, e alguns clichês-frases caem bem sempre.

Depois de conhecer os protestantes no trem que haviam ido para São Paulo em fevereiro, na mesma noite sonhei com Deus. Deus disse que estava muito desapontado comigo, eu teria dito que eu sou atéia ou pelo menos não católica, mas acordei, foi como desligar o telefone na cara de um amigo, acredito que por esse ponto ele só esteja mais decepcionado, mas o fato de eu estar lendo a bíblia em russo que os protestantes me deram parece aliviar o meu crédito na praça.

Moral da história e de Moscou, é que a vida brilha absurdamente quando se juntam latino-americanos e italianos (próxima vez que me pedirem dica de viagem digo exatamente essa fórmula) e que Roskolnikov (protagonista de Crime e Castigo) é um louco e já me encheu o saco, mas vou acabar de ler esse livro logo.

Pontuo.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

RIANNE (eu,ich, ja, I, yo), A COLONIZADORA.

Toda criança normal tem como lembrança normal algum parque ou algo extremamente colorido. A primeira lembrança que eu tenho é de um corredor de hotel, uma janela no fim. Depois... Perguntaram-me em New Jersey se o que eu falava era brasileiro ou espanhol, peguei a bicicleta, achei graça e ralei o joelho - não exatamente nessa ordem, mas nada que me impedisse de ir comprar comida chinesa em caixinha do outro lado da rua, eu sempre kept the creeps quanto à vendedora, ela era alta demais pra uma chinesa. Foi nessa época que criei um certo trauma em relação a indianos, o acento indiano é um negócio a se discutir - parei de comer dunkin donuts. Era uma máfia, em todo Dunkin Donut e posto de gasolina só se trabalhava indiano. Admito que só fazia ESL pra perder aula, mas o mundo inteiro precisava sentar em um teatro e ver a cara da Miss Rudek, quando eu, o Hupert (chinês), e a Katrina (mexicana) passamos a ser crianças sem línguas maternas: Havíamos aprendido duas ao mesmo tempo, com um empur

Purple crutches

“I wish you a great future”, then she gave me her hand - similar to a peace offering. She had a simple case of a stomach ulcer, I had patched her up around 3am in our ER, I had simply asked her if there had been any unusual stress in her life lately, to which she replied “I had kids too early, I wish I had done more with my life”. I could feel the courage-fuel she was burning while saying these words. I didn’t give her any speech. Just admiration, and a small part of me smirked at my childhood hoping my mother had realized that sooner. Well, she didn’t. I made my life’s mission to become exactly the opposite of her. As I typed in another ER report for the 27-year-old sitting next to me, I came to an uncomfortable realization: how not often patients wish us anything at all, like we’re not people, like we don’t have feelings. She had wished me as much as a great future - that’s a lot. I hope she knows that’s exactly what I wished her, too. Truth is, I felt like my emotional energy could

Malibu, 2025.

Malibu, 2025. Note to self. It had been already snowing. Awfully early to, but it was Moscow. Normally, after the first snow I’d meet Seda and she would complain about every single aspect of her life and connect it to the snow fall and the coming winter. Now, however, it was just me. I remember I had been looking for emotional sustainability. I, yet, couldn’t find the equivalent of “green, sustainable” for feelings. I was not sure either it was a color. Oh. Right. It was exac tly the things that happened after we graduated that defined us. I died my hair blond, took off to Vienna to meet old affairs and taste the Austrian cuisine (all of it, but I specialized on schnitzels and apfelstrudels). Martin moved with Masha and Domenico to the countryside, after which they became gypsies in the alps. Seda took off with Gennady to the United States in the pursuit of happiness according to the American constitution. I became a vegan after that, but remained blond. Seda ended up working tem