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Mostrando postagens de março, 2011

As minhas gramas são mais verdes

Fazia dois meses que eu estava na Rússia e tudo e todos ainda eram ETs se aproximando por um contato de quarto grau. Eu poderia divagar sobre a sensação de ser uma expatriada, mas seria tão inútil como descrever o gosto de chocolate, com tantos sentidos envolvidos. E lá eu estava, na frente de toda a escola recitando um poema no Dia dos Professores, que é realmente importante na Rússia. Eles podem até não ganhar bem, mas o respeito que recebem dos alunos é infinitamente maior que no Brasil. Dirigir-se a eles apenas levantando a mão, e pelo nome e patronímio (o segundo nome de todo russo: nome do pai + sufixo OVA ou VICH se, respectivamente, você for mulher ou homem). Os alunos haviam preparado um verdadeiro espetáculo, a platéia era pequena: apenas a equipe de professores, e o backstage se apertava com todos os alunos da escola. No dia anterior eu havia passado cinco horas andando em círculos aprendendo um poema que recito até sob remédio de dormir, ainda hoje em dia. Skol'ko vesen

A hora

É muito difícil se empacotar e se mandar assim, no ritmo da maré que a chuva formou. Mas a minha crescente antipatia e falta de movimento me certificava o tempo inteiro, enquanto eu fechava as caixas, que a hora já tinha chegado e só estava me esperando. Eu estava sentada no chão, cercada por sete caixas cheias de livros, perdida em pensamentos, fazendo uma piada repetida de como aquilo era uma imagem para o tumblr. Tenho repetido muito essa piada. E o que realmente tinha me levado até aqui... As pessoas me perguntam o tempo inteiro e eu, quando sem vontade, digo que quis. A verdade é que primeiro de tudo, quis, sim. Mas antes do querer eu queria também outras coisas. Porque eu iria fazer jornalismo e me decepcionei antes de começar. E todos aqueles livros me lembravam que, para escrever, para ler, eu não precisava ser uma jornalista. Eu precisava simplesmente lembrar quem eu era, e tentar tirar uma foto parada disso no meio da inconstância. Aos quatorze anos, indo para os quinze, eu e

Poema ao meu décimo oitavo aniversário

[ Foto boba para uma data boba com um mês de antecedência ] Padrões que seguem são os padrões de mim contados dezoito vezes - Pixo os muros cometo delitos antes que a doença de ser adulto me abata para sempre grito nomes recito amores em breve levanto vôo e quando eu voltar não vou saber seguir os mesmos ventos O meu décimo oitavo aniversário é uma linha sem volta E eu vou tentar levar o que der de mim Mas quando eu voltar tenho limite de peso E venho só com o necessário Simples E quando eu voltar vou ter me amontoado em outras idéias e não verei mais a linha cruzada Quando eu voltar não vou ser eu Vai ser o décimo oitavo padrão de mim E sem nenhuma modéstia: confesso que vivi o Ceará dentro de mim. Latitude longitude de sete anos enfileirados confesso que cresci vivi aqui. O resto vai rasgando rasgando a carne.

Vácuo de você

acho que não te achei por completo porque você se esvaireceu assim sem permissão que corta a rua como quem corta o caminho fácil faz desvio ri alto sem vontade se cerca de todo mundo que pareça vazio o suficiente quero o seu nome completo te quis por completo mesmo assim às vezes nem sei se você existe ou se é algo que eu simplesmente quis e eu não te quis (a só quis o vácuo (idéia para tirar férias (de você de mim tão vazio que morreu em vida tão vazio que eu acabei só (te imaginando) sou assim apaixonada pela idéia de amar nunca amei ninguém só o querer alheio só a disposição alheia de querer me amar para sempre nem que seja agora não te amei só te imaginei em toda a forma do meu querer amar imaginar por completo procura-se quem quiser ser amado assim só para personificar o meu amor pela pela paixão do meu vício e no final quem eu estava procurando não será você eu só te imaginei pior que platônico eu amo a idéia e o amor é um vírus que só quer se alojar achar casa o amor sou eu, meu