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Mostrando postagens de agosto, 2010

A independência do Brasil e a independência da poesia brasileira

Estou sentada aqui com uma bandeijinha de café-da-manhã e são 22:32 da noite, quando lembrei de que tinha me prometido postar hoje e não amanhã, que está programado para acontecer em uma hora e meia. Tinha prometido falar do livro dos poemas brasileiros, "Os cem melhores poemas brasileiros do século" , que me encantou as tardes e a sanidade. Li-o gradualmente, dosado. Tem doses de boniteza que só se absorve gradualmente. Olha, e só confirmo o que eu sempre dizia quando detalhava as funções das línguas que eu falo: o português é língua para poesia. Nasceu assim, traçado, predestinado para versos. O que me intrigou logo ao abrir o livro foi não conhecer o organizador e seguidamente não achar nenhuma nota no próprio livro sobre Italo Moriconi , que me desculpem os bons se ele é um desses seres famosos, mas que ele ainda não pousou no meu mundo e por aqui não fez fama, defendo eu. Depois achei de muito bom gosto e charme a divisão do livro, o que já me fez esquecer Italo, olhar

Harém amarelo

Para isso fomos feitos [...] Por isso temos braços longos para os adeuses Abro as portas que não têm nada de galante ou imponentes, e lá estão eles. São pessoas que se podem conversar. Acho que nos dias de hoje as pessoas estão mais desesperadas por uma conversa do que por sexo. De alguma forma que vai contra a Evolução e Darwin, eu tenho a impressão de que todo mundo vai ficando mais burro. Sou chata, péssima, mas até adoro. Nada de cor vermelha nesse aposento. A conexão entre o vermelho e o erotismo é piegas demais. Piegas como querubins e conselho de tia. Abram espaço para os homens da minha vida. Eles nasceram, ou vieram ao meu conhecimento por meio do meu ócio. A única coisa que eu tenho feito ultimamente é ler livros, tocar violão e seguir uma lista de filmes de uma revista francesa que eu mal consigo pronunciar o nome. Mas eu resolvi dar um jeito nisso, a minha filosofia de vida é: "quem aprendeu russo, aprende x", sendo x um número real e que se estende até pelos ima

Canecas

I've got duct tape all around my heart 'Cause I've got a new feeling every thirty seconds Acabei de levantar sem fome, apenas repetindo que acho que deveria comer porque comer é importante, as pessoas fazem isso o tempo inteiro, em voz alta, como se a mensagem fosse ter mais efeito. Talvez seja porque elas precisem. O sentimento de acordar num domingo não querendo sua própria companhia, pegar o violão ao invés de um café e se irritar por não querer ouvir sua voz, não querer uma conversa. A sala se enchia de livros do Bukowski, Clarice e as coisas que eu achava que me definiam, que eu voltei a dar crédito depois de não ter treze anos por muito tempo. Acho que o que me irritava mesmo era saber o que eu queria agora. Eu não sou uma suicida, acho besta. Mas às vezes me dá uma preguiça de viver que eu acordo num domingo desses e é chato demais. Só não é besta. Então de madrugada pra manhã eu pensei que ainda bem que eu escolhi essa profissão que vai tomar cento e trinta por cent

A cigana

Clarice me dera bom dia num poema em saco de pão. Puxei o paté, o café, levantei, troquei de blusa, continuei o ritual. De branco. O meu braço ferido coloria memórias da noite anterior. Que o nome dele era Edson e ele fazia tatuagens de rena. O nome dela era alguém e ela tinha um dalmata. O nome dele era outro alguém e ele já tinha tido um husky. Passei o dia pensando sobre os fatos que nos definem. Qual a história que nos define, qual o mono-fato da vida que serviu de semente para praticamente todo o resto. São os momentos-fio. Esse professor costumava me dizer que se eu rasurasse um B numa prova e não entrasse na universidade porque outro alguém não rasurou um B eu me depravaria de uma vida inteira: novos livros, novos amigos, novas conversas, o homem da minha vida, e no pacote, até mataria os filhos, ou não os daria a existência simplesmente, por unicamente ter rasurado um B. Eu andava pela praia no dia que foi ontem, topando com o Edson, com a menina do dalmata, o senhor do husky,