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Mostrando postagens de abril, 2009

Última vez

[Girassol que ganhei de aniversário da Catarina] Fazer as coisas pela última vez cria uma responsabilidade de que elas têm que acontecer do melhor jeito que elas possam acontecer... E agora, mais que nunca, eu faço, aqui, as coisas pela última vez e me preparo pra realizar tudo novo em um lugar completamente novo... Ou seja, é quase como querer escrever um epitáfio de memórias boas e motivações pra saudades, sem morrer, exatamente.  Não planejei nenhuma festa de aniversário, porque vou fazer despedida, e aí sim vou conseguir reunir todos. Vai ser em Julho. Mas é isso. Tá acabando.  - And what do we do now? - Enjoy it. Talvez "acabando" não seja  a palavra, "tornando mais real" seria o mais certo... Principalmente quando os casacos começam a ganhar espaço no meu guarda-roupa, junto com cachecóis (não sei nem escrever a palavra, nunca a usei ahahhah), botas, meias, moletons e blusas compridas. e também os abraços não são mais tão longos como deveriam ser, ou precisam

Cega por opção

[entrada do meu diário devidamente censurada quanto a portinholas da minha mente que são inacessíveis a todo mundo] Hoje eu sentei com o José Saramago, uma maça cortada em um potinho e comecei a comer os pedaços de maçã ao passo que as páginas iam ficando para trás, também. Não que José Saramago tenha gosto de maçã, mas é engraçado ver como a maçã ganha outro sabor quando se lê junto. É a imersão que o livro causa dando tempero às coisas. Enfim . Há alguns meses, desde o Érico Veríssimo cair na minha estante que eu não dizia Enfim  ao achar um autor decente, e eu disse Enfim e respirei logo em seguida, como se eu tivesse contido ar esse tempo inteiro.  Senta um menino do meu lado, um conhecido, de quando eu ainda tinha algum interesse pelo mundo e saía todos os finais de semana, achava que as luzes da noite me eram suficientes, que eu achava que as emoções se encontravam num poço sem fim, que eu as teria sempre renovadas pra sempre, até tudo me cair na mesmice e eu, como sempe, me obri

Fluoxetina

O mundo inteiro é bombeado por fluoxetina. Ora, palavra , pelo menos se vive, pelo menos se vive! Quando eles isolaram felicidade dentro de um comprimido não há porque não tomar, a essência de toda a ideologia ocidental não é a busca da felicidade? Então quando eles isolam a felicidade em um comprimido é o caminho mais fácil. Só que fica a pergunta: o que fazer com a felicidade? Acho que ninguém faz realmente planos para depois por julgar uma coisa tão longinqua. A minha proposta é que ao invés do inútil fluor, ponham fluoxetina na água. As cores vão ficar mais vivas e a audiência do Faustão vai cair. Digo: mundo melhor, sem demagogia, só com fluoxetina.

Estado de espírito com precisão de casas decimais

Era o meu primeiro dia de inverno. Era o meu primeiro dia de Costa Leste. Era tudo novo e eu ia absorvendo as emoções e moldando um estado de espírito que deveria resistir ao frio, às nebrascas e observando atentamente os flocos de neve geométricos, a perfeição da natureza e tentando, nem que sob ordem judicial, me convencer de que, por que não, eu fazia parte daquela harmonia. E tinha essa tampa canadense. E todas as crianças queriam saber quem eu era. Eu sou brasileira, oi, tudo bem, é meu primeiro dia na Fountain Woods. E tinha essa tampa canadense no chão, que insistia em aparecer debaixo de tanta neve e eu ignorei a nebrasca e tudo que existia de vivo e ficamos eu e ela, envolvidas em um desses momentos da infância que as emoções constituem as memórias e não as imagens. Guardei-a no bolso e peguei o ônibus da escola. O motorista queria saber sobre mim, entre mil papéis colados pelo ônibus com 330 "THINGS YOU CAN'T DO IN THE SCHOOL BUS: NO YELLING, NO... NO... NO...",