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Mostrando postagens de 2012

A maré cearense

Aos avós que apesar de não serem cearenses, são casa; e à beira da praia e o vento das cinco da tarde. Pensei em dizer que virei turista do lugar que me ensinou a odiar petista Mas rimava muito e aí joguei fora Mas pela tristeza da distância e as anti-medidas da saudade do outro lado do Atlântico dos amigos e dos sorrisos do cachorro da família que é da terra de ouro Continuei por teimosia pra bulinar Que já não sei vagar pelas ruas que não conheço os bares ou os hábitos as modas longe, desconheço a política Fortaleza abstrata tré-abstrata perante tamanha miopia e tanta distância Mentira saudade não mata Verdade é que dá fome de ter o que foi e deixou uma marca de sorriso em algum ventrículo ou átrio do coração com a participação de um sorriso de canto de quem lembra e ama outra vez... Saudade é correr por um abraço qualquer distância sem sair do lugar Saudade é a insistência de amar E aí lembrei que virei turista do lugar que me deu mar

O marfim do meu amor

A ti Se eu resolver vender o meu amor por ti nesse antiquário pela Arbat¹ vão ter que fazer um bom negócio porque isso é feito de marfim rubi diamante pedra famosa pedra cara tudo que brilha tudo que fascina tudo que tira o fôlego e me leva junto e o elefante desse marfim foi Salomão* e mais poesia que isso falta em qualquer outro negócio amor pedra coisa tudo Mas eu não vendo não Eu vou é te levar no bolso até onde eu queira. ¹ uma rua famosa turístia de pedestres em Moscou * O elefante, Saramago

Meu negócio é com o pão.

Publicação dedicada a um amigo que não vem falar comigo uma vez ao ano para pedir favores. Esse texto começou em uma sexta-feira, descansou uma semana inteira e só pontuou na outra sexta-feira, hoje, que vim aqui com a epifania do ponto final. Eu já tinha espirrado tanto que todo mundo no escritório não dizia mais “saúde”, teria sido uma péssima idéia vir ao trabalho hoje, pensava, entre um espirro e outro. Mas existe algum dia que ir a um trabalho, especialmente quando ele é sobre várias pessoas do mundo inteiro ligando em uma linha que termina no seu ouvido (inflamado desde a semana passada, obrigada), te ajuda. Todo dia que eu saio do trabalho eu penso: uau, minha vida não é tão tosca como de todas as pessoas que ligaram ou escreveram hoje. Aqui está o que o Iv me enviou, no meio da insignificância de mais um dia de previsível labuta: “ Me ajude entao, por favor. Sou aqueles amigos que mal falam com voce e vem pedir favor. Andei lendo uma materia sobre James Gates,

Carta ao caro leitor que espera o ônibus

Caro leitor, Eu não fui a lugar nenhum. Nem sequer me mudei. Nenhum furacão desde Novembro do ano passado. O que aconteceu se explica com muito latim e muita insônia (chama-se: plantões, tardes revirando cadáveres em um laboratório, cansar os olhos com microscópios). E você que se interessa sem ao menos me conhecer, que é mesmo assim tão apaixonado por uma bonita ordem de palavras? Admiro. E admiro sem ironia a gente que tem o tempo e a paixão e o tempo para ter a paixão, obviamente não são médicos. Eu admiro quem ama a palavra. Sigo em anos de busca, e totalmente suspeita, repito: quem é que vai superar esse português? Todo enfeitado com acentos que desde a pouca idade sempre vi como "jóias", deveriam imaginar que bonito foi entender e saber escrever as palavras "avô" e "avó". Cada um com uma jóia diferente. Um enfeite. Aliás, o cidadão-leitor deveria imaginar a minha caminhada ofendida do passo forte na rua Novaya Arbatskaya, em direção ao

Os obstáculos que certas formações anatômicas podem ser para impedir que se chegue a uma aposentadoria decente em um trailer e tudo ligado a isso.

Poema ao meu décimo nono aniversário Eu quero todo o impossível (cruzando a rua fresca de chuva acompanhada da mochila de dez anos o zíper quebrado) Hoje é o climax do dia que eu tenho tudo e não preciso de mais nada por isso invento necessisdades só pela busca mirabolar Se você me vier oferecer seus desejos e as realizações Vou dizer-lhe que não há desejos que me apago as velas assim em silêncio há simplesmente fatos há o reusltado de anos desejando Aliás obrigada, mas vá descansar eu vou só com o meu amor com o meu português com a coleção de sorrisos e o timbre do riso da felicidade assim que quase me estourando os tímpanos (só é utopia) Que vá descansar porque eu aprendi a viver com esse cérebro E viver afoga (qualquer tristeza) Saber viver é saber conjugar o ato de ser (feliz) Eu conjugo em português eu venho e volto de dezenove formas verbais diferentes Descanse porque eu quero é vida (em presente perfeito conjugado ne