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Meu nome é Riquinho e esta porra é minha



[Árvore genealógica da primeria parte da dinastia dos Riurikevich, questionando o primordial e o pioneirismo dos primeiros reis: onde estão as mulheres? Não importa de você lê russo ou não, é óbvio que estão faltando as mulheres.]


O mundo é uma coisa tão velha e tão sábia que muita pouca gente entende de que, da onde, porque, quando, porque surgiu isso tudo. Não há muita gente mais sábia que o mundo em si. Tem gente que respondeu "42", sem fazer a pergunta. Tem gente que disse que alguém tinha uma semana de folga e criou isso tudo. Tem gente, ainda, que jura que tinha uma coisa menor que uma ponta de agulha e que explode e pam, estrelas, planetas, céu, estrelas, um arroto da vida. Tem gente, no entanto, que cria Riurick. Agora a pergunta é: Rianne, o que você fez na sua tarde de Domingo?

Enrolei até o ponto em que minha consciência não me deixava mais "perder tempo" lendo um livro e não estudando, estava lendo Absurdistão, rindo autistamente como eu rio quando leio livros divertidos (terrivelmente divertidos). Foi uma coisa chata que aconteceu na escola outro dia, sentada eu no banco, não-socializando, com sono, lendo "Meu tio matou um cara" da Pocket, é um conjunto de contos do Jorge Furtado, Meu tio matou um caro é um deles, mas eu estava lendo outro, chamado "Juízo", infelizmente a versão que eu achei na internet é menor e não tão divertida quanto a que está no livro, portanto comprem o livro e enriqueçam a Pocket. Acho que eu não ria tão alto de uma besteira tão grande vinda de um livro desde meus ataques epilépticos e convulsões com Douglas Adams, o problema é que as duas meninas que fazem alemão comigo estavam esperando a professora de alemão e sentadas do meu lado, quando eu desatei a rir autistamente elas pediram que eu traduzisse, aí eu penso "porra, como traduzir: um dois três, quatro cinco mil, as amebas vão pra puta que o pariu!". Tentei explicar sobre o que era o conto, consegui uns risinhos, mas nada intenso. Leiam, eu não vou contar.

Mas a minha consciência deu pra fazer "cu cu" pelas 2 da tarde quando eu já não podia mais procrastinar e deveria largar meus livros. Sento eu para uma entrevista com o senhor Riurick. O difícil da metafísica nessa entrevista é que ninguém sabe se o Riurick existiu, e isso, isso é uma merda (quebrei uma unha aqui e agora e isso também é uma merda). Vamos à entrevista.

Estamos aqui no estúdio com Riurick, platéia animada, convidado célebre, duas coisas que andam juntas. Este rapaz descobriu a Rússia.

- Riurick! Riurick! Riurick - voscifera a platéia, numa energia calorosa, nos bastidores Riurick róe as unhas.

Muito bom, muito bom! Então, por favor, com vocês, Riurick. [Riurick entra no estúdio]

- Olá, Riurick, boa tarde, se importa se eu te chamar de Riquinho?
- Olá, não, absolutamente não.
- Então, Riquinho, conta aí para gente, como é que é descobrir a Rússia!

Riquinho toma ar e começa:

- Quando eu vi, já era rei.

E termina.



[Que tal Riurick em cores]


Tudo bem, chega disso. Quem é Riurick? É o Colombo da Rússia, um escandinavo que foi parar da cidade de Veliki Novgorod quando o mundo tinha pouca experiência em ser mundo. Mas existem teorias que descompravam a existência do Riquinho, sendo "Ryurick" uma palavra escandinava que significa "velho" ou algo do tipo, então tudo o que foi achado em escrituras pode ser apenas um Substantivo, não um Homem. Então, Riquinho, conta pra gente, ser o pioneiro da História da Rus (que ainda não se chamava Rússia) é responsabilidade, mas que diabos de responbilidade é essa se, sabe-se lá, você nem existiu?

Tudo isso rodopiava e se batia conta as paredas ovais da minha mente, como um peão empenado. Por que eu estou estudando a história da Rússia, sobre alguém que talvez nem existiu? E a coisa vai além. O filho do Riquinho, o Igor, que armou barraco com o Império Bizantino, quebrou tudo, chegou chegando, disse que esta porra é minha, sequer é citado nos documentos bizantinos, e os bizantinos tinham o hábito de registrar batalhas e eventos como esse quando um sujeito que teve uma péssima noite de sono chega botando fogo na moçada. Então, Riquinho, Igor também não existiu? Então que parte da história da Rus tem crédito? Onde estão os fatos?

Os russos não sabem, imagina a Brasileira. Coisas interessantes sobre a história da Rússia é ver todo mundo se matando, a moçada cái na faca mesmo. Eu lembro de quando eu estudava História do Brasil e pensava "que tédio, nada de guerra, nada de sangue, só um gordo que foge e Portugal e vai pra colônia que cospe ouro". Mas daí começo a estudar a russa e toda essa carnificina cansa também. Por que será que nessa vida não se fabrica o meio termo? Polo Norte, Polo Sul, há a linha do Equador e se você tiver interessado visite Quito, mas como levar o nome dessa cidade a sério? Só extremos, nada de Quito.

Quando eu estive nessa linha no Equador em Quito eu tinha oito anos e ficava me perguntando porque o mundo não estava se divindo ali. Talvez se eu tivesse ido para um dos Polos teria ficado satisfeira em ver que tinha neve pra todo lado e me convencer de que aquilo eram os polos, de repente um urso polar me dava tchau e aí eu ia ter mais certeza ainda. Mas fui pra Quito e aquela linha não me convencia, o mundo não estava abrindo debaixo de mim e eu não via as estrelas no chão. Nas fotos desse dia as minhas caras são de pura e crua decepção, com o mundo e suas linhas.


[Linha do Equador e o trauma infantil]


Então eu cheguei até Svetoslav (nome bacana, amigão), que é, se eu não me engancho nos nomes mais bacanas e na matemática, a quinta geração depois de Riquinho. Mas daí tudo aquilo me encheu o saco quando 7 irmãos, ou 8, sei lá, começaram a se matar e a queimar tudo (pra você que achava que os russos só começaram a queimar tudo na época da invasão do Napoleão, o buraco é mais embaixo), e ainda tinha o irmão orfão que ficava ali do lado e não tinha nenhuma terra porque o tio malvado não gostava do pai do filho orfão que tinha roubado o poder, por isso o tio malvado matou o pai do filho orfão, Svetopolk, a facadas e fez sete filhos, disse que esta porra de terra agora é pagã e eu vou ter quantas mulheres eu quiser (daí saem os 8 filhos) e ainda vou ter a mulher do meus irmão, o pai do filho orfão, aquela grega gata que ele roubou dos bizantinos. Mas basta. Daí olhei o trabalho que eu tinha feito a tarde inteira, seis horas seguidas daquilo, nove páginas escritas, coisas que arrancarão sorrisos da minha professora de história. Mas pensar que eu não cheguei nem na primeira metade da primeira dinastia é saber que a professora de história irá se assustar quando eu entregar 78 páginas.

Nisso tudo uma coisa me intrigou. Eu estava olhando a árvore genealógica das dinastias russas para me orientar na internet, e pra ver o tempo passar desço, desço, desço (eles eram muitos), e lá no final acabamos em "Medvedev" e depois, onde não deveria haver mais nada, entre os anos 2012 e 2020: "Putin". Mas por que eu não fiquei realmente surpresa? Porque o Putin faz o que quer, até compra nerds que fazem esses tipos de site para preverem, sedimentar logo na história que nem aconteceu, que nas próximas eleições é ele que se elege. Vou percorrendo outros pensamentos e rio do avião que caiu com o presidente polonês, que até pra quem não assiste televisão a notícia chegou fresquinha, porque alguém (sem nomes) me disse que o Putin planejou tudo. E de novo, por que eu não estou surpresa? Talvez ele até me prenda por esse post.

E agora que eu deixei os filhos, netos, bisnetos e etc. do Riquinho de lado, voltei aos meus livros para festejar um número satisfatório. Esse ano eu resolvi fazer metas, absurdas em sua maioria, as quais eu devo cumprir e sobreviver no caminho disso tudo. Eis a lista.

1) Aprender a fazer sushi
2) Yoga
3) Ler no mínimo 100 livros
4) Aprender italiano
5) Comprar uma câmera profissional
6) Ir a show do Queens of the Stone Age
7) Ver um Van Gogh de verdade
8) Aprender a consertar bicicletas
9) Ver um eclipe num telescópio
10) Tocar violão em um passeio público
11) Subir em um telhado
12) Aprender a lutar capoeira
13) Aprender a tocar pandeiro
14) Fazer algum esporte radical

Então vamos falar de fatos. Número 1 se realizará em Julho, porque por enquanto o meu tailandês aqui é incapaz de me ensinar isso, imaginem que este é um tailandês que não gosta de sushi (eu sei que sushi é japonês, mas), e é um tailandês, o qual os pais têm uma empresa de peixes e ele não come peixe, por isso o meu Doutorado em sushi teve de ser adiado para Julho; número 2 começara em Setembro, número 4 está sendo encaminhando e molto bene, número 5 está esperando patrocínio, número 6 será em Agosto (coração bate a 899 batidas por minuto), número 7 será em São Petersburgo em Junho; número 8 está indefinido, mas está de acordo para os meus planos de Julho de 2011, quando, hopefully, sumirei por 2 meses, ninguém vai ouvir falar de mim, estarei em Gales com uma bicicleta e um mochilão, quem sabe trabalhando numa fazendo de um Senhor que fala apenas gaélico e pouco inglês, sem salário, só pela experiência, pela história, pela excentricidade, e se a bicicleta quebrar, eu devo saber consertá-la; número 9 será em Novembro, quando teremos um eclipse e eu tenho um telescópio e a mania de não dormir e usá-lo; número 10 será em Junho em Moscou na Arbat, se você estiver passando por lá ouvirá algo entre Nando Reis, Seu Jorge e Jack Johnson; número 11 precisa ser pensada; número 12 será em Julho na praia em Fortaleza (sério); número 13 vai ser fichinha e ainda se aprende a sambar no caminho, talvez na escola de samba de São Paulo em Julho; número 14, sabe-se lá, talvez eu acabe fazendo aquela coisa divertida de um barco te puxando no mar na praia e ainda ganhe uma cor, se isso for possível ainda no meu caso sem salvação (doe melanócitos, doe vida).


[Chega de achar que você é maneiro. Todas as pessoas maneiras do mundo são integrantes do Queens of the Stone Age]


Então é isso, eu me divirto fazendo essas listas e cumprindo todas as frivolidade que pede a minha alma que não consegue viver sem movimento e odeia rotina. Agora vamos falar da número três e do tal número satisfatório. Estou anotando os livros que eu li e já cheguei a 24, o que é um número bom para essa altura do ano, mas se tudo der errado, é capaz que eu passe meus feriados de Natal e Ano Novo em casa lendo os livros que faltam para completar 100, mas pelo ritmo e pela dedicação e essa coisa que eu tenho de querer provar a mim mesma, é bem capaz que eu ultrapasse os 100 e pro próximo ano estabeleça ler 200.

E talvez eu desenrole o realizar dessas coisas por aqui mesmo, escrevendo, vomitando, essas coisas.

Bem, últimas impressões sobre Roskolnikov: é que a mentalidade do Estado ainda é muito cristã e a sua teoria não caiu bem, apesar de não ter nenhuma furada lógica.

Quando eu for pra Piter pretendo contar os passos só pra desafiar o Dostoiévski. Próxima parada na literatura russa indefinida, por enquanto vou lendo Absurdistão e uma trilogia que a minha professora me deu, e lógico, cruzando os séculos e deslizando no sangue derramado das dinastias russas.

Pensamentos de Sidarta:

"E ele, Sidarta? Qual seria o seu lugar? Participaria ele da existência de outrem? Haveria pessoas que falassem a mesma língua que ele? Desse minuto, durante o qual o mundo que o cercava se dissolvia em nada, durante o qual Sidarta estava só como um astro no firmamento, desse minuto, transido de frios e de temores, emergiu Sidarta, mais eu do que nunca, mais firmem, mais concentrado. Sentiu nitidamente: aquilo fora o derradeiro tremor do despertar, o último espasmo do parto. E logo tomou a caminhar, em marcha rápida, impaciente, afastando-se da sua terra, do lar paterno, de tudo que jazia atrás dele"

Pontuo.

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