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Meu português brasileiro guarani e a influência dos pés gregos na história da humanidade sem letras maiúsculas.


[Na embaixada brasileira em Moscou habitam pessoas prestativas e simpáticas e simplesmente]

Tudo bem, obrigada pela informação. Botei o celular do lado e fiquei olhando pro meu café dar voltas dentro da chícara. Zona eleitoral. Moscou. Idade. Dezessete. Bizarro. Quando eu tinha quinze anos eu achava que não ia votar nunca, eu saía em noite de Lei Seca antes de eleição achando que o mundo inteiro fazia aquilo menos eu, e de qualquer forma, nós achávamos vinho. Antes de tudo, o que me fazia tatear era que aquelas pessoas da Embaixada em Moscou não só foram gentis (por que diabos a gentileza? depois de um ano na Rússia você não aceita mais esse tipo de comportamento vindo de funcionários de qualquer espécie), mas falavam português, e quando eu as ouvia falar em russo ali pelo fundo percebi que nós tínhamos o mesmo sotaque e a mesma entonação que nenhum brasileiro consegue superar quando fala russo, esse nosso monotom bonitinho em português e mania de nasalizar uma língua que não tem nazalização só porque ali nem um "n" ou um "m". E então o Senhor Simpático disse que minha zona eleitoral seria em Moscou e que eu comparecesse dia tal e tal com isso e aquilo. Zona eleitoral, Moscou. Sem lei seca. Então achei que eu deveria tomar o mínimo de interesse pelo Brasil e vim aqui pesquisar sobre os candidatos. Bebi meu café, sinceramente, o melhor café que eu já fiz na vida. Nâo sei se isso se deu pela mistura do falar português e beber café em seguida - tudo envolve a língua, certo.

Dilma. Dilma me parece apenas uma senhora reclamona que usa óculos, e eu não estou sendo prepotente, mas acho que ela não seria 2% do que é sem a ajuda do Lula, e eu não concordo com isso, acho que deve-se construir a própria reputação, não pegar emprestado em reflexo a de alguém. Não, minha senhora, não voto em você, me dê a passagem. Ciro, da geração política dos meus pais, e eu fico com essa impressão de que se meus pais não tivessem saído da política seria engraçado vê-los tomando conta do país. Eu tenho essas memórias de infância perdidas onde o Ciro habita mas isso não vai influenciar no meu voto. Mas já sendo prepotente, não votaria nele e ficamos por essa mesma, como dizia o poeta (adoro desmembrar citações de autores que eu não lembro), "ah, se a juventude soubesse e a se a velhice pudesse...". Daí andando por Brasília, fazendo cara torta para aquela modernidade do Niemayer, não concordo com essa coisa de construir cidades em formas de avião. Ei, Brasília, eu entendo a sua importância para o país, e graças a vocês São Paulo e Rio pararam de se puxar os cabelos, mas acho que uma cidade tem que ter energia, história, e as anteriores nem se comparam com Brasília, são mais fundas... Então eu ainda estou andando por Brasília e me topo com Serra. Serra tem um twitter. Eu acho uma graça quando gente dessa geração tenta usar internet e descobre gadgets que nós já usamos há dois anos ontem e acham que é a maior novidade. Chega de acidez. A verdade é que apesar dos pesares, sempre achei que São Paulo estivesse bem em ordem com o Serra, o painel me falava que eu tinha 120 quilômetros de engarrafamento mas tudo bem. Acho que eu discutia política melhor quando tinha doze anos, eu escrevia esses textos cheio de fervor e revolução, que na verdade apontavam só mazelas. E olha que não era difícil de achar. Mas hoje em dia que eu aprendi a ter mais 3% de paciência que naquele tempo, não tornei a escrever sobre o tema. E como o voto é secreto, paremos por aqui e finjamos que a lei está sendo cumprida. Mas concluo dizendo que Serra é fã do Veríssimo, só por dizer.

Realmente encantada com Chico Buarque, ele vem nessa linha de Veríssimo - Saramago - Chico Buarque, dos últimos três autores que me salvaram a vida nos últimos anos. Esses são tipo raro que não habitam qualquer prateleira, a gente tem que ler muita merda até achar um que valha a pena e o desmatamento. Eu sinto que todas as florestas do mundo deveriam ser devastadas quando leio pessoas brilhantes do gênero. Até o último pau-brasil. Que o presidente do Brasil seja o Buarque.

Acho que se chinês fosse minha língua materna eu iria preferir que ela ainda fosse português, como tem sido há dezessete anos e quinze dias. Realmente, meus caros, eu sento ali e explico esse tipo de coisa para a Valya, a guria que vai para Portugal:

Se você disser "govêrno", significa pravitelstvo, mas se você disser "govérno" (levantando o dedo para mostrar a entonação), significa ya upravlyayu. Normalmente os verbos formam substantivos com a conjugação da primeira pessoa, mas às vezes acontece que o som aberto e o fechado não têm nenhuma conexão, se você falar "séde" significa rezidentsya, mas se você falar "sêde", daí já é jajda. Tudo bem, rasberyoshsya [você se arranja]. Entenda uma coisa, os italianos falam com as mãos, aqueles que falam espanhol com a língua, e aqueles que falam português, falam nosom [com o nariz]. O próprio nome do Camões é uma nasalização. Não se preocupe, eu morria para pronunciar sh e schsh em russo também, hoje falo borsch [nome de uma sopa] sem nenhum problema, e schshi [outra sopa]. Primeiro você tem que se acostumar com a língua, e uma coisa que eu aprendi com o russo é que você não contesta, simplesmente aceita e aprende. Olha, tem esse poema do Camões, o Brasil e Portugal inteiros conhecem, se você aprendê-lo tenho certeza que chegando lá eles te mandam para ver o presidente e ele vai te dar o cargo de Ministro das Relações Exteriores. Sério. Camões significa tudo isso. No mais eu não sei o que te falar sobre Portugal. [Confabulo se deveria falar que Portugal em sua essência é muita costa, muito bacalhau e muito sal e que os três fatores estão ligados um ao outro? Não, isso é preconceito tolo e mais tolo porque eu não tenho nada contra Portugal]. São pessoas muito católicas, sim. [...] Outro som que não tem no russo é o som de "qua", sim, feito um pato, se você não fizer feito um pato não funciona, assim, "quatro", "quadro". Uma das minhas palavras preferidas em português é alvorada, que não significa rassvet [nascer-do-sol], é quando o céu está alaranjado e os passarinhos cantam por volta das cinco da manhã, não se traduz, eu creio.

Entendem? Não se ensina. É por isso que na minha vida passada chinesa eu quis ter nascido em Portugal ou no Brasil. Daí ainda topei com esse português crioulo de Angola, uma música que falava assim:

rima pesada
tipo embondeiro
eu faço o que eu quero
canto para Angola
e para o mundo inteiro
no kuduro impero

sou palanca negra gigante
sigo a passada de Njinga Mbandi
sigo a corrente do Dande

logro o feitiço de Tomé Grande

por no mapa Oxaena
terra de grandes nomes do semba
arraso tipo kalemba
sou de Angola como a mulemba

mano jukula
(kimbundu)


Daí eu penso que gosto mais do meu português brasileiro querendo ser guarani que esse português querendo ser algum dialeto africano. Mas eu sou bem suspeita quanto a essa opinião. No Brás, Bexiga e Barra Funda fiquei sabendo de um quer-ser hino do Brasil no começo do século XX, chama-se "Protofonia do Guarani", surgiu quando essa coisa de ser brasileiro começou a existir, e com ela, o patriotismo, a canja que é o Brasil. Era isso o que consideravam ser hino brasileiro, foi uma das primeiras vozes do Brasil [e se eu não me engano não é isso que toca quando começa "a voz do brasil" no rádio?]. A primeira voz do Brasil eu não acho que tenha sido o Pero Vaz, acho que as missões de arte que foram para o Brasil e retrataram o que viam ocupam a função de voz brasileira primordial. E falando em Caminhas, existe uma cidadela no Sul da Ásia que se chama "Colombo", no Sri Lanka, e parece que de lá surgiu o chá verde? Declaração aleatória do dia.


[Colombo fora grande homem só porque o mundo é grande]

E para você, recifiense, que dança frevo, eis o que eu li há uns dias atrás.

"Исходной исторический контакт состоялся в 1804 году (...). Коробли побывали в порту Ресифи. (...) Гласит легенда, что во время их пребывания в этом порту, местные жители пригласили русскую команду на городской праздник и там, в разгаре весёлья, моряки пустились в русскии пляс. Их танец так понравился бразильцам, что они, быстро его освоив, со временем внедрили в местный фольклор. Так объясняется появление известного бразильского народного танца"


Trocando em miúdos e em português, o frevo que é de recife antes era dos russos. Vem esse flashback da minha infância num carnaval em Recife aprendendo a dançar frevo e o destino se selando e eu agora indo votar em Moscou.

E os gregos. Os gregos realmente têm me encantado. Eu tento muito falar "gregos" e não lembrar daquele poema daquele livro que eu achei num sebo e nem lembro mais o nome, e dizia "putas, gregos, gringos e seus dóllares", talvez nem nessa ordem. Mas existe em folhas amareladas no meu ex-quarto laranja. Não é essa a questão. De uns dias pra cá me pus a ler um livro de história de arte, e até agora ele me diz que arte nasceu sem noção de ângulo e como superstição, os egípcios desenhavam aquilo que queriam que acontecesse. E eles fizeram isso por muito tempo, ensinando arte como quem ensinava o alfabeto, com normas e traços pre-ditos. Então chegaram os gregos. Não, eles não mudaram a história. Mas descobriram um jeito de desenhar os pés sem aquele jeito bizarro dos egípcios e toda a coisa deslanchou. Os gregos pegaram o alfabeto e começaram a escrever o que lhes caia melhor. É por isso que eu digo:

"Prometeu, ou o cavaleiro alcoolizado"

As costas doiam
A cabeça pesava
Fragmentos da noite passada

Mono.
Estado mono de espírito.
Ressaca.
Pesa, a pesada.

Pesa no meu fígado.
Mas foi uma coisa que eu aprendi
quando pequena, garota.
Com a mitologia grega:
O fígado se regenera,
apesar do alcool fazer uma visita um dia
ou outro.

E eu escolho muito bem
em que deuses acreditar.
Esses gregos, que me dão desculpas
para me embebadar.
Sempre a frente do seu tempo.



[Um marco na história da arte foi a habilidade de desenhar pés no ângulo certo, aparentemente só depois de milhares de anos alguém pensou em desenhar pés corretamente, já eu, não os culpo, até hoje nós temos problemas maiores que pés, e os pés, na maior das parte do tempo, só suportam todos os problemas. Pés, não me venha falar de pés.]

Nâo lembro quando escrevi isso e nem porque, acho que quando eu tinha voltado a ler mitologia, na época que eu resolvi que leria não só a grega, mas a celta, a nórdica, folclore brasileiro e a bíblia. Vou continuando a leitura, apesar de achar injusto ler assim sobre arte da visão de um cara só. Tem vezes que eu vejo arte que não está no livro, mas acho que não existe esse olho supremo que olha em onipresença o mundo inteiro colecionando artes. Arte nem precisa ser um quadro. Pode ser um momento, como por exemplo, ontem, que eu andava debaixo da chuva e uma senhora me diz que meu cadarço está desamarrado. Segunda vez. Olha, se eu soubesse que as pessoas iam ser tão gentis eu teria começado a calçar esse all star antes.


["A besta voraz de Traal é um ser tão burro, que pensa que, se você não pode vê-la, ela também não poderá ver você"]


No mais, chega essa época do ano e eu tenho vontade de reler Douglas Adams, exatamente nessa época do ano, para os fãs, eu relembro que dia 25 de Maio é o Dia da Toalha, e é o dia em que todos nós andaremos com uma toalha para lá e pra cá nos defendendo da Besta Voraz de Traal. Lindo.

Estou lendo 100 anos de solidão en español, porque eu decidi que essa coisa de evitar aprender espanhol já chegou a esse ponto crítico e quando eu comecei a ler em português senti que havia algo de errado, faltando tempero. Peguei em espanhol e agora parece que o sal está ao ponto. Só espero que tudo isso não se misture com o italiano que eu venho aprendendo desde o começo do ano, mas tenho certeza que vai. Depois do russo, eu jurei para mim que de desafios só gaélico, o resto da minha vida serão línguas latinas. Mas eu sei que eu só estou dizendo isso agora. Eu tenho essa memória, eu, sétima série, sentada no transporte escolar, falando que "eu nunca vou aprender russo, que língua horrível", depois de alguém fazer uma piada, algo entre euvsky espirrovski. Eu já disse um monte de eu nuncas, e o bom é tê-los dito só para levantar o dedo ao meu eu que os disse e falar olha, agora, então.

Vou ficar aqui a tarde inteira com esses filmes soviéticos (eu tenho seis dvds inteiro deles, presente da minha professora de russo, salvando minha vida a cada dia), e esse livro de história da arte e essa overdose de Chico Buarque.

Vinte graus lá fora. E eu ainda tenho esse sentimento de que tudo vai por neve a baixo e que do nada eu terei meus constante -20 de volta, que eu até sinto falta. Prefiro sentir frio que sentir calor, e acreditem, eu venho suando feio um porco, dá pena de me olhar na rua. Acho que isso explica toda a coisa dos cadarços e as pessoas gentis. É bizarro sair na rua só de moletom e achar que eu voltei pra São Paulo, "tocou para a Avenida Paulista"¹, e com a sensação de estar esquecendo algo importante, tipo um membro, as pernas, os braços, algo neobxhodimo [indispensável] para a vida, nada como ammigdalas (ah, esperta, as amigdalas você já tirou), o apêndice ou os dentes cisos (removidos os quatro de uma vez, também, amém) - sair sem casaco é bizarro assim. A primeira vez que entramos na casa dos menos trinta fez -33, trinta e três exatamente, e na escola as pessoas me olhavam ora com dó, ora com orgulho. Agora essa transferência de inverno para inferno. Juro. Saí agora para comprar água e tinha esse senhor afinando uma guitarra sentado na calçada, alguém fala pro Gombrich que isso também é arte.

Preciso, na verdade, ir no correio enviar meus livros e casacos para o Brasil que eu não tenho a intenção e a força e a vontade e o muque e as malas e o espaço para levar em avião. A ordem que eu os li quase contam a minha história russa. Bonito, livros contando história que não são a história contida neles.

Ou o mundo derrete de calor nessa gosma que parece negativo de filme em cores, ou eu suo todos os 70% de água da composição corporal. É assim: ou eu passo o dia tomando sorvete, ou querendo tomar sorvete. No meio disso com a vontade do meu violão no meu ex-quarto laranja, e desde já lanço um acode para quem irá afiná-lo, porque vou trazê-lo comigo pra cá e vão ser tardes mais interessantes com o meu velho violão. Que eu não sei afinar. "E não queria mesmo outra vida"¹.

[¹ "Brás, Bexiga e Barra funda"]

Fiz um vídeo com fotos do Brasil que eu passei a mostrar nas conferências aqui. A Sydney, uma das americanas, disse que acha que eu tenho um emprego aqui, porque sério, são no mínimo duas conferências por semana, o recorde foram cinco, parece que os russos realmente têm a fun time para ouvir sobre o Brasil e sobre a Rússia por um filtro brasileiro. O vídeo tem uma versão da Aquarela do Brasil pela Mercury, é uma gracinha, tem esse coqueiro que dá côco, uá uá!. Uma gracinha. Um tapinha no ombro quanto a tradução do russo.

Ontem alguém disse que Mississippi era na África. Achei que deveria dividir isso como um olhar final de despedida de post e desespero misturado e deixar assim na mão de alguém a responsabilidade de salvar o mundo enquanto eu continuo andando, música de fundo, agora.

Pontuo.

P.S.: Obrigadinha aos leitores e aos elogios, em dias como esses que uma dor de cabeça diz que se instala e que não vai embora faz um bem. Calculando a possibilidade de responder comentários nos posts seguintes, e então?

Comentários

Thales disse…
Bem, como nunca sai do Brasil, e nem sei se um dia vou, não sei a sensação que deve estar sentindo. O maximo que posso dizer é a saudade do meu quarto, de caminha descalço em chão frio, ver o amanhacer quando as cobertas não me seduzem por mais algumas horas.

Sabe, sempre pensei o mundo como um constructo cosmopolita. Posso até continuar pensando e ocasionalmente experiênciando, mas você vive isso. Me incomodo não só com as fronteiras ocêanicas, mas com o estranhamento cultural e linguistico.
Chato são as pessoas que falam tanto para valorizar o "nosso", mas se esquecem que antes de sermos brasileiros, russos, argentinos, japonêses e afins, somos humanos.

Politica sempre me deu uma certa asia, mandar eles não mandam em nada. Tudo é um jogo econômico, pelo menos as novas regras estão ligadas ao Neo-Keynesianismo, os ideais neo liberalistas já me aborreceram até demais. Dilma ou Ciro tanto faz.

Adoro saramago, Verissimo não me aventurei, talvez por sempre me mostrarem trechos que sempre me desagradavam, e Buarque só me tocou os ouvidos vez ou outra.
Por mais que tente, insista, adore, ame ler, me parece mais salvador escrever, imaginar, criar, brincar de deus com uma caneta (na maioria das vezes um teclado). De certo, por isso que gosto do teu blog.
Alias brasilia me lembra mais um progeto de crucificação

Dos gregos só não suporto sua mitologia, democracia, republica. Também não aguento mais platão nem socrates. No momento prefiro as escudadas espartanas e crianças jogadas de penhascos que a pederastia ateniense.

Sim , arte é qualquer coisa estimulante, qualquer construção simbolica coreografada ou não. Mas por mais que me digam o contrario, me parece que a arte na cabeça das pessoas é uma assinatura em canto de quadro. E por mais que adore as obras de engenharia do da vinci a Monalisa continua com cara de cavalo.

Ainda acho que o brasileiro tem uma otima fluidez pra comunicação ou pra contar historias e até dialogos. Só perceber na desenvoltura de alguns dialogos de algumas curtas brasileiras, gestos, girias e afins enriquecem. Não digo que nos outros paises não tenha isso, mas no Brasil isso é cotidiano e não mecânico - metodológico. Talvez por isso seja palestrante favorita =P

Ja escutei que Aspen era na Suiça e os alpes eram nos Estados unidos, acho tão pior quanto. Mas tanto faz, não é novidade ver filmes onde se fala portunhês no Brasil e sua capital é Buenos Aires, enfim sem essas afirmações idiotas o mundo perderia um pouco da graça.
E sobre salvar o mundo, nessa semana tenho mais vontade de matar todos os animais em extinção, queimar todas as florestas, exterminar todos os animais maltratados me utilizando de pantufas, rebolar uma bomba na africa, nas favelas, nos mortos de fome, nos orfanatos, na Xuxa e na Madonna, essa ultima só por diversão. Talvez assim possa ter 24 horas livre de chosen ones.

Spasiba por escrever =P, no caso seria legal, mas jatentei isso, seria melhor responder nos proprios comentarios.

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