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A study of human behaviour as a rational insightful machine. A doctor's most important lesson.

Earlier this year I was diagnosed with a chronic disease, that is, something I will be carrying around until it takes me down, or takes  the possibility of doing something of my life I had planned and now I need to hurry - running out of time? Sadness, denial? Maybe, but what the hell, mostly: it is incredible how the possibility of death or the simple barrier between you and your dreams make you alive. Life gets more colorful. You smile more, god knows when you'll cross that person again, or see that place again. Maybe next time you won't be in a good shape at all, let it be in 60 or 80 years, whatever. What do you know? I thank the threat of death for making me see life brighter. My biggest fear of dying asking myself "what if" has been cross checked. Life's good, I don't feel betrayed by it, I think it gives me a chance. Thanks, I'll take it. That's all there is.  I'm not a very dramatic person that makes a big deal out of stuff and maybe thi...

O homem que salvou a palavra do silêncio

Antes da palavra, existia o silêncio. A palavra foi criada no silêncio. A palavra é constantemente ameaçada pelo mesmo. Dedico esta publicação ao homem que salvou a palavra da mudez, porque a palavra dói, e ela sozinha não quer existir porque é árduo ser a palavra. Por isso nada a substitui. Ela simplesmente se empresta à gente, e enquanto faz isso nos ameaça todo o tempo: se me vou, vocês serão animais - diz - se me vou, vocês serão apenas o ser, e o ser sozinho não é nada, o ser precisa da extensão. A palavra não é de ninguém, ela sozinha é dela. A palavra se empresta, é diferente. Mas a palavra nunca se cala, ela é tão  presente que é impossível deixar de sentir-la. Mas eu sei de uma coisa: eu prefiro toda a crueldade da palavra ao silêncio. O silêncio é nada, o silêncio nos estagna. O silêncio apaga línguas da face da terra, o silêncio apaga culturas: a palavra é a cultura, a palavra é toda a história. Sem a palavra, sobra o vão. Eu tive um sonho terrível de q...

Não tenho mais o tempo que passou

Mas temos muito tempo, temos todo o tempo do mundo , cantava o meu alarme às 8 da manhã, e sair para um mundo com uma temperatura negativa não era um incentivo, a única coisa que eu levara em conta fora o tempo que eu estava perdendo, apesar de ter todo o tempo do mundo. Eu juntei umas coisas, comi e saí de casa, poderia ter ficado. Eu esperei o sinal abrir para cruzar a rua, poderia ter continuado andando sem calcular v=s/t. Eu fui seguida por um cachorro que era um desses cachorros que anda sem coleira, continuei o caminho, ele do meu lado, subiu em uma montanha de neve e ficou ali, eu poderia ter perdido a aula e ficado ali, também.  Eu passei o meu cartão, entrei no hospital e disse bom dia, eu poderia ter passado por debaixo da catraca e ter me focado em não expressar nenhum sentimento de afeto. Eu vesti jaleco, eu troquei os sapatos, eu fui para a sala, abri os livros, eu poderia ter entrado de sapato sujo e ter dormindo com as pernas cruzadas em cima da mesa....

A arte de sobreviver na medicina

De ida ao Museu Pushkin de Arte, agarro meu moleskine de 7 anos de idade, suiço de nacionalidade, de uma viagem a Lucerna. Aí estão reportadas todas as minhas versões em distintas partes do mundo, ou apenas minhas versões imóveis que seja, sedentária, em alguma parte do mundo. A última entrada é sobre a ansiedade de entrar na faculdade em 2011, do que não se sabe, do que se vai aprender, tudo cheio de simbologia, Saramago, perguntas. Um se põe a ler e não se reconhece: e isso passa todas as vezes que abro esse moleskine - uma pessoa o fecha, e meses depois outra pessoa o abre, sendo que são as mesmas mãos! Será mesmo que esse fenômeno vai seguir sempre? Será mesmo que as visões e as perspectivas mudam tanto, será que é possível que um passe a vida inteira crescendo e não se exploda porque já não há espaço no mundo (ou nas limitações da carne)? Se for, quantas vidas vivemos em uma  Hoje a minha visão sobre a medicina é totalmente outra, e é a seguinte, sem medo a digo: todo médico...

A maré cearense

Aos avós que apesar de não serem cearenses, são casa; e à beira da praia e o vento das cinco da tarde. Pensei em dizer que virei turista do lugar que me ensinou a odiar petista Mas rimava muito e aí joguei fora Mas pela tristeza da distância e as anti-medidas da saudade do outro lado do Atlântico dos amigos e dos sorrisos do cachorro da família que é da terra de ouro Continuei por teimosia pra bulinar Que já não sei vagar pelas ruas que não conheço os bares ou os hábitos as modas longe, desconheço a política Fortaleza abstrata tré-abstrata perante tamanha miopia e tanta distância Mentira saudade não mata Verdade é que dá fome de ter o que foi e deixou uma marca de sorriso em algum ventrículo ou átrio do coração com a participação de um sorriso de canto de quem lembra e ama outra vez... Saudade é correr por um abraço qualquer distância sem sair do lugar Saudade é a insistência de amar E aí lembrei que virei turista do lugar que me deu mar...

O marfim do meu amor

A ti Se eu resolver vender o meu amor por ti nesse antiquário pela Arbat¹ vão ter que fazer um bom negócio porque isso é feito de marfim rubi diamante pedra famosa pedra cara tudo que brilha tudo que fascina tudo que tira o fôlego e me leva junto e o elefante desse marfim foi Salomão* e mais poesia que isso falta em qualquer outro negócio amor pedra coisa tudo Mas eu não vendo não Eu vou é te levar no bolso até onde eu queira. ¹ uma rua famosa turístia de pedestres em Moscou * O elefante, Saramago

Meu negócio é com o pão.

Publicação dedicada a um amigo que não vem falar comigo uma vez ao ano para pedir favores. Esse texto começou em uma sexta-feira, descansou uma semana inteira e só pontuou na outra sexta-feira, hoje, que vim aqui com a epifania do ponto final. Eu já tinha espirrado tanto que todo mundo no escritório não dizia mais “saúde”, teria sido uma péssima idéia vir ao trabalho hoje, pensava, entre um espirro e outro. Mas existe algum dia que ir a um trabalho, especialmente quando ele é sobre várias pessoas do mundo inteiro ligando em uma linha que termina no seu ouvido (inflamado desde a semana passada, obrigada), te ajuda. Todo dia que eu saio do trabalho eu penso: uau, minha vida não é tão tosca como de todas as pessoas que ligaram ou escreveram hoje. Aqui está o que o Iv me enviou, no meio da insignificância de mais um dia de previsível labuta: “ Me ajude entao, por favor. Sou aqueles amigos que mal falam com voce e vem pedir favor. Andei lendo uma materia sobre James Gates, ...