Quando eu era menor eu sentia esse cheiro de vez em quando, era um cheiro sem cheiro, algo limpo, puro. Os intervalos entre um cheiro e outro eram cada vez menores, eu estava provavelmente embreagada dessa coisa que me animava. E o tempo que é o tempo, fez o tempo passar e o cheiro foi se tornando cada vez menor, até que um dia em Burlington eu voltei a senti-lo, era quase como me deixar acessar tudo o que eu deixara pra trás já com nove anos. Eu tenho sido uma mestre em despedidas, se alguém me perguntar, desde os nove anos, por aí, e eu lembro de ter chorado no telefone falando com a minha avó, querendo ir pro Brasil, foi estranho, eu sempre fui uma criança muito fechada e talvez por isso a única amiga que eu trouxe da infância foi a Carol, depois a Samantha, e eu nunca tinha chorado por ninguém, nem quando eu ralava o joelho do jeito como as crianças fazem, e o metiolate ainda ardia. Então eu estou aqui em São Paulo, amando muito essa cidade, que me lembra qualquer lugar que eu imag...