Hoje eu sentei, posicionei o pulso esquerdo e fiquei assistindo o tempo passar, vendo o ponteiro deslizar e indo "cada vez mais perto, cada vez mais perto". Eu quero a vida que é minha e que reside em Agosto.
Parecido com aquela vez que eu estava em Pompéia, e eles diziam que o mundo ia acabar em Julho, com o World Jump Day porque o impacto ia ser muito grande, e eu estava nesse restaurante, comendo um dos pedaços de pizzas responsáveis pelos dois quilos a mais, e quando eu olhei para o relógio, esperei a terra abrir no meio enquanto eu caía com o meu pedaço de pizza dentro. E eu lembro como a luz italiana entrava no restaurante e como a mesa era redondo e eu me sentava em um canto mais reservado... Nada aconteceu, as previsões não se confirmaram. Mas o episódio me marcou porque teria acontecido em Pompéia, a cidade engolida pelo Vesúvio, e seria uma honra morrer ali.
[Foto: Pompéia]
Depois eu acabei a pizza, continuei a vida com uma sensação de renovação e novos valores, entrei em uma livraria e comprei "A day in Pompeii", o que poderia ter sido facilmente o título do meu dia. Eu estava esperando uma desgraça mundial e nada, só pizza. Não sei se foi alívio, mas a sobrevivência valeu a pena pela oportunidade de ter comprado o livro.
Eu também lembro do sentimento de cruzar o campo de trigo de Burlignton, do sentimento de andar pelas ruazinhas de Riverside, ou sem rumo pela Sunset Avenue, ir até o restaurante chinês só porque eu tinha esse desejo por arroz chinês e a vontade de decifrar a magreza da menina chinesa do balcão, dos meus pés cortando a neve, de ir deixar o lixo para coleta sem casaco ou proteção, só pra mostrar pro mundo que ele não era o cara que ele achava que era, nem sob -10. Mas isso é outra longa história, aliás, é muito difícil parar de dissertar sobre momentos indescritíveis...
Viajar ou estar em outro lugar é uma das coisas mais fascinantes da vida, e ser nômade era the thing a qual não deveríamos ter abandonado. Enquanto tu viaja, todas as coisas que lembram de quem tu é, ficaram em casa, e por dias ou semanas, meses, tu tem que lidar só contigo, conviver contigo, não existem mais os lembretes nem as fotos penduradas, apenas avisos de hotel. E é ali, sem lembrete de quem tu é, que tu se conhece mais. E é incrível, a pessoa que desarruma a mala em casa é outra. O que tu conhece de ti em uma viagem, é a essência, somente a essência, a pessoa que ficava apenas naquele buraco de mundo era repleta de futilidades e quando sái porque sabe agora que o mundo é grande, leva somente a essência e vinte quilos de bagagem.
E dizem que as pessoas voltam irreconhecíveis de viagens ou de ausências, mas é simplesmente porque nunca se conheceram, lidavam demais com as frivolidades e só então tiveram contato com a essência.
Eu também é uma palavra difícil, tanto que Descartes sequer a usou no chavão.
*****
Aos amigos, vocês sabem quem são, já fiz umas lista de convidados, amanhã provavelmente vou esboçar o que possa chegar a ser um convite de aniversário, e já que meu aniversário é na Segunda, e isso é totalmente incoveniente, espero que todos possam comparecer no Domingo aqui em casa para um jantar, uns biscoitos, canapés, twister, pinhatas e possivelmente um filme.
A presença de vocês é imprescindível, inadiável, por favor compareçam por que eu não sei quando será o meu próximo aniversário aqui, e tampouco quando eu terei a desculpa e a oportunidade de encher uma sala com pessoas favoritas e queridas. E eu falo de um prazo de OITO anos, eu não tenho a menor idéia se pelos próximos oito anos eu estarei no Brasil para o meu aniversário, então estejam aqui, cruzem a cidade e batam na minha porta, vai ser divertido e vai ser pela última vez.
O relógico continua se arrastando e eu vou comprimindo minhas obrigações e ultimatos no tempo que eu tenho de sobra. Não dá a impressão de que eu vou morrer? Mas mais pra fenix, que renasce na Rússia.
Eu realmente pensei em fazer uma festa de despedida, mas não é falta de consideração celebrar que alguém esteja indo embora? Sem esse papo de aproveitar os últimos segundos, eu tive todo o tempo do mundo em Fortaleza e se ele não foi aproveitado pelas pessoas a minha volta, então ele vai cotninuar inaproveitado. Sem bota-fora, então.
Provavelmente amanhã vou operar as amigdlas, se isso for de interesse, também. Depois vem a remoção dos cisos, e eu só terei mais uma inutilidade biológica, que é o apêndice. Que pode ficar por aqui mesmo.
Ahr, no mais, eu espero muito que o projeto sobre o vestibular seja aprovado, uma pontada me atingiu dizendo "acredito nisso, no Brasil, enfim".
É isso,
vou ler The Decline and Fall of the Roman Empire, e qualquer compartamento mais tirano e autoritário que o normal pelos próximos dias, será mera, mera, coincidência.
Parecido com aquela vez que eu estava em Pompéia, e eles diziam que o mundo ia acabar em Julho, com o World Jump Day porque o impacto ia ser muito grande, e eu estava nesse restaurante, comendo um dos pedaços de pizzas responsáveis pelos dois quilos a mais, e quando eu olhei para o relógio, esperei a terra abrir no meio enquanto eu caía com o meu pedaço de pizza dentro. E eu lembro como a luz italiana entrava no restaurante e como a mesa era redondo e eu me sentava em um canto mais reservado... Nada aconteceu, as previsões não se confirmaram. Mas o episódio me marcou porque teria acontecido em Pompéia, a cidade engolida pelo Vesúvio, e seria uma honra morrer ali.
[Foto: Pompéia]
Depois eu acabei a pizza, continuei a vida com uma sensação de renovação e novos valores, entrei em uma livraria e comprei "A day in Pompeii", o que poderia ter sido facilmente o título do meu dia. Eu estava esperando uma desgraça mundial e nada, só pizza. Não sei se foi alívio, mas a sobrevivência valeu a pena pela oportunidade de ter comprado o livro.
Eu também lembro do sentimento de cruzar o campo de trigo de Burlignton, do sentimento de andar pelas ruazinhas de Riverside, ou sem rumo pela Sunset Avenue, ir até o restaurante chinês só porque eu tinha esse desejo por arroz chinês e a vontade de decifrar a magreza da menina chinesa do balcão, dos meus pés cortando a neve, de ir deixar o lixo para coleta sem casaco ou proteção, só pra mostrar pro mundo que ele não era o cara que ele achava que era, nem sob -10. Mas isso é outra longa história, aliás, é muito difícil parar de dissertar sobre momentos indescritíveis...
Viajar ou estar em outro lugar é uma das coisas mais fascinantes da vida, e ser nômade era the thing a qual não deveríamos ter abandonado. Enquanto tu viaja, todas as coisas que lembram de quem tu é, ficaram em casa, e por dias ou semanas, meses, tu tem que lidar só contigo, conviver contigo, não existem mais os lembretes nem as fotos penduradas, apenas avisos de hotel. E é ali, sem lembrete de quem tu é, que tu se conhece mais. E é incrível, a pessoa que desarruma a mala em casa é outra. O que tu conhece de ti em uma viagem, é a essência, somente a essência, a pessoa que ficava apenas naquele buraco de mundo era repleta de futilidades e quando sái porque sabe agora que o mundo é grande, leva somente a essência e vinte quilos de bagagem.
E dizem que as pessoas voltam irreconhecíveis de viagens ou de ausências, mas é simplesmente porque nunca se conheceram, lidavam demais com as frivolidades e só então tiveram contato com a essência.
Eu também é uma palavra difícil, tanto que Descartes sequer a usou no chavão.
*****
Aos amigos, vocês sabem quem são, já fiz umas lista de convidados, amanhã provavelmente vou esboçar o que possa chegar a ser um convite de aniversário, e já que meu aniversário é na Segunda, e isso é totalmente incoveniente, espero que todos possam comparecer no Domingo aqui em casa para um jantar, uns biscoitos, canapés, twister, pinhatas e possivelmente um filme.
A presença de vocês é imprescindível, inadiável, por favor compareçam por que eu não sei quando será o meu próximo aniversário aqui, e tampouco quando eu terei a desculpa e a oportunidade de encher uma sala com pessoas favoritas e queridas. E eu falo de um prazo de OITO anos, eu não tenho a menor idéia se pelos próximos oito anos eu estarei no Brasil para o meu aniversário, então estejam aqui, cruzem a cidade e batam na minha porta, vai ser divertido e vai ser pela última vez.
O relógico continua se arrastando e eu vou comprimindo minhas obrigações e ultimatos no tempo que eu tenho de sobra. Não dá a impressão de que eu vou morrer? Mas mais pra fenix, que renasce na Rússia.
Eu realmente pensei em fazer uma festa de despedida, mas não é falta de consideração celebrar que alguém esteja indo embora? Sem esse papo de aproveitar os últimos segundos, eu tive todo o tempo do mundo em Fortaleza e se ele não foi aproveitado pelas pessoas a minha volta, então ele vai cotninuar inaproveitado. Sem bota-fora, então.
Provavelmente amanhã vou operar as amigdlas, se isso for de interesse, também. Depois vem a remoção dos cisos, e eu só terei mais uma inutilidade biológica, que é o apêndice. Que pode ficar por aqui mesmo.
Ahr, no mais, eu espero muito que o projeto sobre o vestibular seja aprovado, uma pontada me atingiu dizendo "acredito nisso, no Brasil, enfim".
É isso,
vou ler The Decline and Fall of the Roman Empire, e qualquer compartamento mais tirano e autoritário que o normal pelos próximos dias, será mera, mera, coincidência.
Comentários
e nada será mais o mesmo se você voltar, não serei mas a mesma, muito menos você... e isso não me faz sentir nem bem nem mal...
Cidadões decentes? Não sei... só sei que quero ir embora como você... desde meus 7 anos, bah, agora fiquei inspirada pra postar (rsrsrs).
E por acaso, também quero que a proposta daquele vestibular seja aprovada, mas, bem, não vai mudar nada na minha vida... não vou estar aqui mesmo.
Parei de usar 'eu's, faz mais sentido deixar os verbos sem eles.
Hm, e finalmente terminando 'O capitão...', agora entendo o que se sente ao ler aquilo tudo. Imperfeição é a palavra certa.
Amei o texto :)