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Coisas que pessoas brancas fazem

Em 2006 eu comprei esse moleskine em Lucena e por um tempo eu escrevia todo dia nele, mas algo aconteceu e ele se misturou na estante de livros. Retornei a escrever nele, mas me diverti horrivelmente lendo as outras entradas, algo entre "Jânio Quadros era um louco que achava que era Jânio Quadros", um perfil psicológico de Hitler e Alex Delarge, uma carta a mim mesma falando de ambições e sonhos (que mudaram completamente), uma tentativa de entender a cultura baiana, um desenho do Big Ben e da Torre Eiffel (feitos com o modelo real), até o dia que eu descobri Destoiévski e desabafos de caligrafia ruim.

Há uns dias atrás eu dei uma entrada que se chamou "Living is easy, leaving is harder", e o tanto é tanto que mesmo com uma puta dor por causa da extração dos sisos, essa coisa toda de pegar um vôo de 20 horas latejou mais que a Sra. Dor de Siso, e acredite, é uma senhora gorda e banguela que cria pássaros e fala oito línguas, algo que supere isso é muito, e muito é demais.

Eu podia descrever aqui em detalhes como é agradável a recuperação de tirar os sisos, sim, eu poderia fazer um belo conto de horror (para a Babi), mas eu tenho tido esses sentimentos de auto-preservação e ficamos por aqui.

"LIVING IS EASY, LEAVING IS HARDER 28/07/09
- goodbye that shapes itself

Agasalhando meus livros-filhos para a guerra, apaziguando o sentimento que parece mais uma canja de qualquer coisa. O quarto sem eles não parece mais meu, muito vazio de mim, o que é alguém senão um número finito de idéias e páginas de livros diversos... Quem habitou aqui não acha que pertença mais a si mesma, por isso escolhe a estrada, a mais perfeita prosopopéia da liberdade. Mas olhe BEM, tive os melhores abraços, não os menosprezo, acessos-os mentalmente, mas o espaço aqui tornou-se muito pequeno, vou ter que deixá-lo. AQUI jaz quem teve tudo e quis sempre mais, pela alegria imediata do coração e as novas emoções, com os pulsos fechados carregou duas malas e repetiu consigo mesma: é o que se leva, é o que se leva... E foi confirmar o tamanho do MUNDO, porque de onde estava ele parecia estar ENCOLHENDO, e a culpa é dos olhos, há de haver utilidade para os olhos, que são DOIS. Eu tenho um vôo de 20 horas, são 20 horas sem os pés no chão, e eu poderia ser esse tipo de pessoa estável com os PÉS NO CHÃO, mas eu quero voar VINTE HORAS. É tudo tão necessário. "


O Kensou me deu o livro daquele filme "Into the Wild" e se por acaso eu desaparecer por 6 meses, não se assustem.

Além de ter moleskines, pessoas brancas também fazem essas viagens de auto-descobertas. (blog: stuff white people like)

Amanhã, todos aqui, pedirei Habibs e direi tchau um pouco antes das 2am para pegar meu vôo pra SP. As minhas bochechas que transitaram entre Fofão, hamster, balão de hélio agora prometem uma aparência normal para amanhã a noite.

This is it, Joely.

Comentários

Bárbara disse…
AMAY o blog! pqp HIUAHAOUH
taking a year off é mto minha cara :(
ps: uma pessoa só pode suportar tantos contos de terror teus viu? não gasta tudo duma vez.

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