Esquenta. Esquenta em mim. Filtra a boemia através de quem quer ser atravessado por ela. Atravessa o salão. Senta comigo. Bebe logo, senão esquenta. Mas vai sem pressa, vai na malemolência. Aumenta o som. Saideira. Agora já ninguém quer sair. Perde a identidade, refaz-te dos pés ao pescoço, deixa a cabeça pra lá. E quando essa música acabar, já vai ser alvorada, e vai ser a minha hora de ir-me daqui. E ir-me-ei sem permissão, mas antes disso te deixo sem chão. E enquanto enquanto esquento, espero eletivamente a hora de me amanhecer, e aí já não vou estar. Vão ser notas no ar, arranjos, rimas, saxofones e dissonância.
E aí já não vou estar. Vou nos pontuar.
Toda criança normal tem como lembrança normal algum parque ou algo extremamente colorido. A primeira lembrança que eu tenho é de um corredor de hotel, uma janela no fim. Depois... Perguntaram-me em New Jersey se o que eu falava era brasileiro ou espanhol, peguei a bicicleta, achei graça e ralei o joelho - não exatamente nessa ordem, mas nada que me impedisse de ir comprar comida chinesa em caixinha do outro lado da rua, eu sempre kept the creeps quanto à vendedora, ela era alta demais pra uma chinesa. Foi nessa época que criei um certo trauma em relação a indianos, o acento indiano é um negócio a se discutir - parei de comer dunkin donuts. Era uma máfia, em todo Dunkin Donut e posto de gasolina só se trabalhava indiano. Admito que só fazia ESL pra perder aula, mas o mundo inteiro precisava sentar em um teatro e ver a cara da Miss Rudek, quando eu, o Hupert (chinês), e a Katrina (mexicana) passamos a ser crianças sem línguas maternas: Havíamos aprendido duas ao mesmo tempo, com um empur...
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