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Um telegrama de Moscou

A todos os "como é que andam as coisas por aí" e a impossibilidade de replicar uma resposta que caiba em uma conversa de elevador - não cabe: eu expando. Licença poética para expandir

- Como é que está aí
- Aqui está tudo sendo
A nossa órbita
gira em contra-mão
Vamos além do tempo
Sem permissão de ser
Ainda assim: sendo
(teimando)

Só do ar gelado
Até o chá repetido
Para aquecer a alma e outras vontades
Eu não te passo
O que é, como é
Só te digo: estamos sendo.

Outro dia nos cruzamos
E pelos novos trejeitos
Pelo inédito sorriso que agora
alarga mais (perfura a cara)
Pelo abraço mais forte
que todos os anteriores (juntos)
Você vai ver
Como é que estive
sendo

O tempo
a distância
desfiguram (a nós)
montam de novo
mexem-se juntam-se no caldo da vida
tempera de novo
Sái um bicho novo
Um bicho melhor
pior
Calma
sou eu
continuo
sendo.

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