Vou apagar as luzes. Deixa o sapato ali, não faz mal, contanto que se faça à dois. Ambíguo. Ora meu, ora teu. E agora mais de ninguém. Queríamos tanto conversar. mas foi na falta da necessidade de fazer-lo mesmo, que não o fizemos propriamente. O próprio. O jeito como o teu olhar fugia do meu, eu já lia tudo. Pára o mundo. Queria era escutar em bom português, queria tropeçar em um sinal de dois metros escrito "PÁRA!". Mas se fui eu mesma quem tirou o sinal dali, quem eu ia culpar? Culpa o vento. Culpa. Até chegar a uma desculpa que te apeteça a dor, a falta. Algo que ocupe o espaço de tudo isso. Um grito. Um cimento nessas paredes quebradiças, dessa fábrica esquecida na estrada. Passa gente o tempo inteiro, o dia inteiro e nem a vê. Já é noite e não há nada mais do ontem que foi nosso. Lembra. Te contei de tudo. Você escutou mais da metade. Li teus livros e reli tuas dores. Nunca quis flores. Senti de tudo um pouco. Medi, perdi a medida, criei calos de andar atrás d...